“Por que o preço do tomate está tão caro?” Pergunta-se o programa
Fantástico da Rede Globo nesse último domingo quando transmite seu resumo
semanal notícias como verdade única e absoluta do que ocorre no Brasil e no
mundo. Será que a pergunta não pode ser mais profunda, poderia esse programa se
perguntar, por que o tomate no Brasil nunca foi barato? Por que a sexta básica
não para de subir, mesmo em safra e entressafra? O brasileiro tem condição
financeira de alimentar de maneira que assista suas necessidades de vitaminas,
cálcio, ferro, etc?
O tomate virou a bola da vez,
piadas nas redes socais, reportagens e fruto de análise de especialistas
economistas que culpam as chuvas, pragas, tudo menos o perfil do campo no
Brasil e a forma de produção uso e descarte do tomate, os impactos dos
agrotóxicos e transgênicos para a saúde humana e o consumo pelos brasileiros de
1,5 litros de veneno por ano!
Por que, sendo o Brasil um dos
maiores produtores agropecuário do mundo, temos ainda índices de desnutrição e
fome vergonhosos. Lembrando que, como disse há mais de meia década Josué de
Castro alimentação é mais que almoço, janta, é a nutrição do corpo de acordo
com as necessidades individuais. E que a comida, assim como o trabalho, virou
mercadoria e quem não trabalha nem tem dinheiro e não como! E quem trabalha tem
dinheiro e não come.
Mas mesmo no século XXI
enfrentamos problemas porque escolhemos plantar soja e milho para servir de
ração pra animais em outros países, laranja, melão e uma infinidade de
hortifrutigranjeiros para circularem nas principais redes de supermercados da
Europa e Estados Unidos, e, tomate com quantidades inaceitáveis pelas normas
internacionais de agrotóxicos, que não são consumidas pelos proprietários, por
medo de infecção, mas são mandados para as feiras e supermercados do Brasil.
Escolhemos manter o latifúndio mesmo improdutivo
ou com trabalho escravo, destruindo a Amazônia e o Cerrado, e expropriando,
matando e sepultando em covas rasas trabalhadores do campo. Escolheram por nós
e aceitamos uma conjuntura que nos faz temer ao comprar comida e ver somente a
parcela da economia que nos faz comprar, ou não, consumir e descartar, sem
perceber as relações estabelecidas nos caminhos até a chegada à feira do
produto.
Anderson Camargo
08/04/2013.
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